Aline Ribeiro Quintanilha De Souza
Autonomia;Feminismo;Gênero;Família
As experiências de ativismo feminista podem se dar em diferentes contextos e apresentar características múltiplas. Neste trabalho, o foco está no fato dele ser exercitado no contexto das relações particulares das relações entre mães e filhos e filhas.
Partindo de entrevistas realizadas feministas nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói que são mães, analiso como elas articulam a militância com as suas relações familiares, especialmente no tocante à criação de seus filhos. Para isso, elas elaboram compreensões de gênero específicas que articulam condição biológica, contexto macrossocial e a ideia de que é possível construir o gênero de uma pessoa através de sua criação e educação.
Esta pesquisa está focada especificamente nesta última parte da concepção das mães feministas. Todas as demais noções de gênero entram em vigor durante sua prática, mas a criação é onde se deteve meu olhar. Emergem como estratégias para a criação de crianças menos determinadas pelos estereótipos de gênero a observação sobre os objetos que ajudarão a construir essas crianças, destacando-se brinquedos e cores, bem como a busca por exercer relações familiares que favoreçam que a criança viva em contextos considerados menos machistas.
Outra estratégia é o fomento da autonomia de si mesmas como mães e dos seus filhos. Ela é a categoria mais importante para as ativistas. O patriarcado impediria a liberdade e a possibilidade de ser o que quiser, então a autonomia seria uma forma de enfrentá-lo.
Faço uma análise de como os valores correntes na criação feminista se articulam com processos macrohistóricos da cultura em que estão inseridas, destacando alguns elementos que evidenciam rupturas no processo social.