Stephania Goncalves Klujsza
Violência obstétrica;parto;humanização do parto;medicina baseada em evidências
Esta tese aborda a construção social da violência obstétrica no Brasil. Até 2012 não havia um termo específico para designar as experiências consideradas ruins e/ou traumáticas que as mulheres poderiam experimentar no parto.
Foi a partir da popularização do ideal do parto humanizado e da medicina baseada em evidências que certas práticas passaram a ser questionadas na assistência ao parto. Busco apresentar a construção dessa nova categoria que qualificou as experiências de parto e atribuiu a dimensão moral às situações que, até então, eram compreendidas como normais ao processo de nascimento.
Assim, configura-se uma nova dimensão moral para o processo de parturição. A violência obstétrica torna-se um campo de disputa entre o grupo composto por mulheres, ativistas e médicos que a partir do ideário do parto humanizado passam a compreender a experiência do parto de forma ressignificada; e o grupo dos médicos que não legitima a categoria por compreender que não faz parte da prática médica causar dano ao paciente de forma intencional.
A questão jurídica também é expressiva nesse debate, assim como as legislações estaduais que vêm surgindo ao longo dos últimos anos com o intuito de proteger as mulheres da violência obstétrica.