Luiz Gustavo Mendel Souza
giros;arremate;cultura popular;folia de reis
Esta tese é uma etnografia das práticas dos foliões e devotos dos Reis Magos, tomando como caso empírico a Bandeira Nova Flor do Oriente, de São Gonçalo-RJ, comandada pelo mestre Fumaça. As chamadas folias de reis são grupos de cantadores e oradores que conduzem a bandeira dos santos Reis Magos às casas dos devotos durante o período festivo natalino. Ao longo dessas peregrinações, seus integrantes redistribuem as bênçãos por onde forem entoados os cantos, as chamadas profecias. Eles realizam dois circuitos festivos, os giros e a festa do arremate. Minha pesquisa procura focalizar as dimensões sociais, culturais, políticas, religiosas desse ritual festivo, tal como um “fato social total” (MAUSS, 2003.
Viso a explorar suas relações sociais e cósmicas que se estabelecem entre os giros e o arremate, evidenciando a rede de intercâmbios de dádivas e contradádivas. Procuro analisar os problemas relativos à realização dessas peregrinações por territórios urbanos liminares, marcados pela precariedade dos transportes públicos e pela presença de agentes do tráfico de drogas e da polícia.
Nesse contexto, os laços de consanguinidade, sociabilidade e solidariedade que são acionados pelos moradores dos bairros visitados são de suma importância para a manutenção da integridade física e moral dos foliões em meio às zonas de risco. Por último, exploro o domínio que meus interlocutores chamam de saberes carregados sobre feitiçaria e bruxaria, tanto pelos mestres quanto pelos palhaços, para a realização das saídas com a bandeira.