Eleana Paola Catacora Salas
Tunísia;Gênero;Transição;Política;Antropologia social
Esta tese trata do debate sobre o papel da mulher no processo de transição política em Túnis na Tunísia. Tomo como referência os acontecimentos ocorridos no ano de 2011, quando eclodiu a “revolução tunisiana” como parte dos eventos do que se denominou de “primavera árabe”, a qual trouxe consigo a queda do governo de Ben Ali (1987-2011). Desde o ano de 2011 a Tunísia se encontrou num processo transitório caracterizado pela organização das eleições legislativas e presidências de 2014.
Esse contexto foi vivenciado de diferentes modos pelas associações feministas, partidos políticos e sindicatos; o que põe em evidencia formas de fazer política diferenciadas, nas quais o papel da mulher ocupou um lugar significativo. Realizo uma etnografia multissituada na qual analiso o modo como se vivenciou o processo de transição e o debate sobre o papel da mulher nessa conjuntura a partir das ações de uma associação feminista, associações de mulheres e grupos femininos de partidos políticos. O trabalho aborda os fluxos, articulações e relações entre essa associação feminista, associações de mulheres e partidos políticos, os quais manifestam as problemáticas, debates, programas, e a circulação de categorias concernentes à política tunisiana e ao papel da mulher.
Inicialmente, relato a constituição dos primeiros movimentos de mulheres na Tunísia, já que eles dão sustento e legitimidade a atuação das associações atuais. Também detenho minha análise no que do ponto de vista das feministas se chamou de feminismo de Estado. Em um segundo momento, descrevo a comissão eleitoral dessa associação feminista e as alianças e movimentos que esta realizou com outras organizações políticas para o processo de transição.
Na tese, enfoco como nessa conjuntura, categorias tais como modernidade, cidadania, participação política, e o debate sobre a mulher, são dotadas de sentido, manipuladas e problematizadas pelos agentes em questão. O trabalho mostra que tais categorias configuraram uma nova subjetividade possibilitando novos modos de agir, formando novos sujeitos políticos.