Mariana De Castro Graciotti Fragoso
Cinema negro feminino; identidade; estética; política; afeto; extracampo
O presente trabalho, propõe uma discussão amparada em perspectivas decoloniais e interseccionais – entendendo a interação das estruturas de opressão que incidem sobre as identidades de gênero, raça e classe – para a análise das transformações do campo, antecampo e extracampo do audiovisual brasileiro.
O intuito é pensar a consolidação do cinema negro feminino através de uma abordagem histórica, teleológica, do cinema nacional. Esse campo empírico que tangencia linguagem, estética e disputas narrativas e de poder nasce como uma contrapartida à invisibilidade.
A cineasta Adélia Sampaio dirige “Amor Maldito”, em 1984, e em mais de três décadas nenhum outro longa-metragem de ficção realizado exclusivamente por uma mulher negra no Brasil entrou em circulação nacional. O cenário supracitado passa a tomar novos contornos com o fruto das políticas públicas de formação implementadas em 2002 e aos editais afirmativos de acesso à este mercado: uma geração de cineastas criando outro quadro de representações, com uma produção efervescente de curta-metragens e pleiteando espaços de incentivo para projetos mais longevos; ou seja, pleiteando a democratização do audiovisual.
A consolidação desse cinema em seus conteúdos estéticos-políticos, reinscreve o corpo negro no campo cinematográfico tecendo relações entre agentes e instituições que concebem um Cinema Negro Feminino – apresentado por Edileuza Penha de Souza como um cinema de territorialidade e comunalidade, enraizado em estratégias de troca e afeto.