Nathália Antonucci Fonseca
Gênero; Sexualidade; Migração; Refúgio; LGBTI
Em dezembro de 2019, o ACNUR e a OIM (Organização Internacional para Migrações) assinalaram a expressividade numérica – 4,769,498 milhões – de venezuelanos migrantes ou refugiados no mundo. Com previsões de que esse número aumente para 6,5 milhões de venezuelanos em 2020, desse número, o Brasil abriga, atualmente, cerca de 224 mil.
A reflexão sobre o refúgio de pessoas não-cisheterossexuais encontra-se na fronteira de dois campos de direito: o da migração e refúgio, responsável pela constituição da noção de “refugiados”, “solicitantes de refúgio” e “migrantes”; e o de gênero e sexualidade, que, entre outros, abriga os estudos sobre pessoas não-cisheterossexuais.
Essa intersecção temática pautada pelo refúgio de pessoas não-cisheterossexuais parece, por vezes, subestimada em ambos espaços de construção de temáticas e questões acadêmicas e políticas. Essa dissertação é resultado de uma pesquisa sobre experiências de vida de três mulheres não-cisheterossexuais venezuelanas, solicitantes de refúgio que migraram para o Estado de Roraima no ano de 2018, e foram, posteriormente, interiorizadas para a cidade do Rio de Janeiro, por programa do governo federal.
Neste texto de dissertação, após refletir sobre a problematização de temáticas e objetos de estudos formulados em intersecção de campos analíticos elaborados em defesa de própria especificidade e até mesmo para me constituir como pesquisadora, necessariamente investindo em distintivas formulações de objeto de estudo, privilegio então as narrativas das interlocutoras sobre seus processos migratórios enquanto pessoas não-cisheterossexuais, buscando refletir sobre o impacto que suas identidades e performatividades de gênero e orientação sexual, não cisheteronormativas, têm sobre esses processos.