Livia Tavares Mendes Froes
Mulheres do Campo;Estudos Rurais e de Gênero;Licenciatura em Educação do Campo;Educação do Campo.
O foco principal deste estudo é analisar percursos sociais de mulheres de origem camponesa, em diferentes faixas etárias e estado civil, inscritas no curso de Licenciatura em Educação do Campo – LeCampo – da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais – FaE/UFMG. De modo geral, as Licenciaturas em Educação do Campo procuram se diferenciar de cursos e demais licenciaturas convencionais ofertadas em diversas instituições de ensino superior no país.
A preposição “do”, distintamente presente na expressão Educação do Campo, constitui-se, portanto, enquanto marcador de especificidade que visa contrapor-se a uma atribuída formação meramente técnica, voltada à inserção no mercado de trabalho.
Organizado pelo regime da alternância, o cumprimento das etapas desta licenciatura pressupõe distanciamentos periódicos dos estudantes de seus locais de moradia: duas vezes ao ano, nos meses de janeiro e julho, durante aproximadamente 35 dias. A partir de pesquisa etnográfica aliada à análise de narrativas de vida de 13 mulheres entrevistadas, argumento como a realização do curso, além de possibilitar a profissionalização e obtenção de diploma universitário, pode desencadear a diversificação de percepções e visões de mundo para mulheres desse segmento social.
Dedico-me ainda a compreender as variações em torno das formas de organização da vida familiar, conjugal e universitária, vivenciadas pelas interlocutoras na pesquisa. A análise do material representou oportunidade profícua para discutir as formas de viabilização de permanência no curso pelas mulheres, considerando os possíveis dilemas enfrentados por elas, além de conflitos conjugais decorrentes da não correspondência às representações do lugar social tradicionalmente ocupado pela mulher, na família e no casamento, tendo em vista os contextos sociais aos quais elas estão vinculadas.
