Ricardo Moreno De Melo
Quilombo;Políticas da memória;Performance cultural;Pertencimento étnico
Essa pesquisa tem como objetivo a descrição e análise do processo de autoreconhecimento quilombola por parte moradores de Machadinha, em Quissamã – cidade situada no norte do Estado do Rio de Janeiro. Para tanto, procurei compreender as estratégias levadas a cabo pelo grupo para a consecução desse objetivo.
Teoricamente me apoiei na ideia de que toda comunidade é uma “comunidade imaginada”, e que esse processo se dá a partir da “invenção” de uma cultura cuja corporificação ocorre a partir de um conjunto de símbolos que transitam no contexto intersubjetivo do grupo, através das mais diversas e variadas interações. A perspectiva teórica de perceber os pertencimentos étnicos como processuais e situacionais, foi de extrema importância na realização desse trabalho.
Dessa forma, procurei entender as complexas tramas de tensão e acomodação que se dão no âmbito das relações intersubjetivas do grupo. Busquei também observar as interações do grupo com os diversos atores com os quais a comunidade dialoga: Universidades, agências governamentais em suas várias esferas, e turistas.
As noções de performance contribuíram sobremaneira, e foram mobilizadas no sentido de possibilitar a compreensão dos modos através dos quais, o grupo põe em cena elementos de seu passado e de sua história, sempre com vistas a construir um capital simbólico que contribua com sua autodeterminação. O tema da memória atravessa todo esse trabalho, daí a opção de trabalhar com a noção de “políticas da memória”, tal qual propõe Andreas Huyssen.