Raquel Souza da Silva
Movimentos Sociais;Tecnologias digitais;Horizontalidade;Poder;Redes;Política
Esta tese busca discutir a “horizontalidade” como sistema de ideias e valores para os movimentos sociais contemporâneos por meio do trabalho de campo e etnográfico com dois movimentos localizados na cidade de Natal-RN-Brasil, a saber a “#RevoltadoBusão” – movimento em rede contra o aumento da tarifa da passagem de ônibus – e “#ForaDilma” – contra a ex-presidente Dilma Roussef (Partido dos Trabalhadores) – na relação com as tecnologias digitais de comunicação.
Este sistema é aqui denominado de “ideologia horizontal”, sendo percebido pelos agentes como algo propiciado pelas tecnologias digitais e online de comunicação e informação, principalmente após a segunda geração da Internet (Web 2.0). Assim, a “horizontalidade” aparece repetidamente nas redes políticas por meio de discursos e práticas.
As perspectivas são apontadas desde o campo etnográfico da dissertação (outubro de 2010 a abril de 2012) no e com o movimento “#ForaMicarla”, contra a gestão da ex-prefeita Micarla de Sousa (Partido Verde – PV – janeiro de 2009 a outubro de 2012). A partir deste movimento, emerge na cidade potiguar o primeiro processo de luta política que trazia como valores fundamentais o apartidarismo, a espontaneidade, a autogestão e a pluralidade.
Estas moralidades estão presentes nos dois “movimentos horizontais” objetos de análise desta tese, realizada entre 2013 e 2017. Por conta deste processo histórico, esta pesquisa tem o intuito de pensar as implicações de uma “ideologia horizontal” para a identidade, para os repertórios, para as formas organizativas e para os atos de rua dos movimentos sociais na contemporaneidade, bem como refletir sobre a relação destes coletivos de luta com o poder, com o Estado e com a política partidária.